quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Indicados devem estrear antes do dia 22

Más notícias para quem vai encarar a maratona de assistir ao máximo de filmes indicados ao Oscar. Os principais concorrentes a uma estatueta dourada só devem estrear no mês que vem. Agora uma boa notícia: janeiro já está acabando!

Cruzei algumas fontes na internet e consegui descobrir a data de estréia da maioria dos filmes que ainda não chegaram ao Brasil. E descobri que logo na primeira semana de fevereiro são esperados dois grandes filmes: “O leitor” e “Dúvida”.

Mas antes de o mês acabar, será possível assistir a “Austrália”, que tem apenas uma indicação (figurino), e “Foi apenas um sonho”, com a dupla de “Titanic”, Kate & Leo. Sem falar nos que ainda estão em cartaz, como “Vicky Cristina Barcelona” (que já está saindo de cartaz!), “Bolt – Supercão” (aff!) e “A troca”, que rendeu uma indicação de melhor atriz para Angelina Jolie. E ainda o campeão de indicações “O curioso caso de Benjamin Button”, já visto por esse blog.

Concorrendo em categorias menores, muitos filmes já estão disponíveis em DVD. As exceções são “Batman – O cavaleiro das trevas” e “Wall-e”, com 8 e 6 indicações respectivamente, que também já podem ser vistos no conforto do lar.

A pior notícia foi ver que “Quem quer ser um milionário?”, o provável vencedor de melhor filme, só deve estrear depois do dia 22. Uma pena.

Agora é preparar o bolso e organizar a agenda!

Boa sorte!

EM DVD

Batman – O cavaleiro das trevas (The dark knight)
Wall-E (Wall-E)
Homem de Ferro (Iron Man)
O procurado (Wanted)
Trovão tropical (Tropic thunder)
Na mira do chefe (In bruges)
Kung Fu Panda (Kung Fu Panda)
Hellboy 2 – O exército dourado (Hellboy 2 – The golden army)

EM CARTAZ

O curioso caso de Benjamin Button (The curious case of Benjamin Button)
Vicky Cristina Barcelona (Vicky Cristina Barcelona)
Bolt – Supercão (Bolt)
A troca (Changeling)
Austrália (Australia)
Foi apenas um sonho (Revolutionary road)
O leitor (The reader)
Dúvida (Doubt)
O casamento de Rachel (Rachel getting married)
O lutador (The wrestler)

ESTRÉIAS PREVISTAS:

20 DE FEVEREIRO

Frost/Nixon (Frost/Nixon)
Milk – A voz da igualdade (Milk)

27 DE FEVEREIRO

Um ato de liberdade (Defiance)

06 DE MARÇO

Simplesmente feliz (Happy-Go-Lucky)
Quem quer ser um milionário? (Slumdog millionaire)

SEM PREVISÃO

Rio congelado (Frozen river)
The visitor

INDISPONÍVEL

A duquesa (The duchess)

"Benjamin Button" lidera indicações

O Oscar seguiu mesmo a tendência das premiações da temporada e deu 13 indicações ao filme "O curioso caso de Benjamin Button". Ainda continuo achando que o filme tem poucas chances nas categorias principais, mas é quase certo que acabe levando prêmios de fotografia, maquiagem, e de repente até efeitos visuais e trilha sonora, páreo duro para a leveza e sensibilidade das músicas de "Wall-E", composta por Thomas Newman.

Aguardem mais comentários sobre os indicados. Por ora, o número de indicações por filme, sem contar os documentários, curtas-metragem e filmes estrangeiros:

O curioso caso de Benjamin Button (The curious case of Benjamin Button) – 13
Quem quer ser um milionário? (Slumdog millionaire) - 10
Batman – O cavaleiro das trevas (The dark knight) – 8
Milk – A voz da igualdade (Milk) – 8
Wall-E (Wall-E) – 6
Frost/Nixon (Frost/Nixon) – 5
O leitor (The reader) – 5
Dúvida (Doubt) – 5
Foi apenas um sonho (Revolutionary road) – 3
A troca (Changeling) – 3
O lutador (The wrestler) – 2
Rio congelado (Frozen river) – 2
A duquesa (The duchess) – 2
Homem de Ferro (Iron Man) – 2
O procurado (Wanted) – 2
The visitor – 1
O casamento de Rachel (Rachel getting married) – 1
Trovão tropical (Tropic thunder) – 1
Vicky Cristina Barcelona (Vicky Cristina Barcelona) – 1
Simplesmente feliz (Happy-Go-Lucky) – 1
Na mira do chefe (In bruges) – 1
Bolt – Supercão (Bolt) – 1
Kung Fu Panda (Kung Fu Panda) – 1
Austrália (Australia) – 1
Hellboy 2 – O exército dourado (Hellboy 2 – The golden army) – 1
Um ato de liberdade (Defiance) – 1


Próximo post: onde e quando assistir aos filmes indicados ao Oscar.

Edição extraordinária!

Esse ano a disputa vai ser boa.

Não estou falando da briga pela estatueta dourada, o que seria um clichê, mas no fundo, também uma verdade. Hoje notei que a cerimônia de entrega dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas será em pleno domingo de carnaval, dia 22 de fevereiro. Agora, os diretores de Programação da TV Globo, que detem os direitos provisórios de exibição da festa do Oscar, terão que escolher entre a rentável Marquês de Sapucaí e a charmosa, porém decadente, festa no Kodak Theatre em Los Angeles.

Difícil saber, não?

É muito provável que os cinéfilos despovidos de tv por assinatura tenham que se contentar com os flashes da cerimônia, em meio aos tamborins insurpotáveis da Sapucaí, e uma provável exibição de um compacto em algum dia e horário inconvenientes.

Bem, com ou sem a transmissão do Oscar, ele já está batendo à nossa porta. Foram anunciados hoje, no fim da manhã, os filmes que concorrem às 24 categorias do Oscar 2009. E com ele a correria para tentar assistir ao máximo de filmes indicados (se ninguém faz isso, eu faço!).

Com poucas surpresas, confira, então, a lista de indicados:

Melhor Filme

O Curioso Caso de Benjamin Button
Frost/Nixon
Milk - A Voz da Igualdade
O Leitor
Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor Ator

Richard Jenkins - The Visitor
Frank Langella - Frost/Nixon
Sean Penn - Milk - A Voz da Igualdade
Brad Pitt - O Curioso Caso de Benjamin Button
Mickey Rourke - O Lutador

Melhor Atriz

Anne Hathaway - O Casamento de Rachel
Angelina Jolie - A Troca
Melissa Leo - Rio Congelado
Meryl Streep - Dúvida
Kate Winslet - O Leitor

Melhor Ator Coadjuvante

Josh Brolin - Milk - A Voz da Igualdade
Robert Downey Jr. - Trovão Tropical
Philip Seymour Hoffman - Dúvida
Heath Ledger - Batman - O Cavaleiro das Trevas
Michael Shannon - Foi Apenas Um Sonho

Melhor Atriz Coadjuvante

Amy Adams - Dúvida
Penelope Cruz - Vicky Cristina Barcelona
Viola Davis - Dúvida
Taraji P. Henson - O Curioso Caso de Benjamin Button
Marisa Tomei - O Lutador

Melhor Diretor

David Fincher - O Curioso Caso de Benjamin Button
Ron Howard - Frost/Nixon
Gus Van Sant - Milk - A Voz da Igualdade
Stephen Daldry - O Leitor
Danny Boyle - Quem Quer ser um Milionário?

Melhor Roteiro Original

Rio Congelado, de Courtney Hunt
Simplesmente Feliz, de Mike Leigh
Na Mira do Chefe, de Martin McDonagh
Milk - A Voz da Igualdade, de Dustin Lance Black
WALL•E, de Andrew Stanton

Melhor Roteiro Adaptado

O Curioso Caso de Benjamin Button, de Eric Roth e Robin Swicord
Dúvida, de John Patrick Shanley
Frost/Nixon, de Peter Morgan
O Leitor, de David Hare
Quem Quer ser um Milionário?, de Simon Beaufoy

Melhor Filme em Língua Estrangeira

The Baader Meinhof Complex (Alemanha)
The Class (França)
Departures (Japão)
Revanche (Áustria)
Waltz with Bashir (Israel)

Melhor Longa-metragem de Animação

Bolt - Supercão
Kung Fun Panda
WALL•E

Melhor Fotografia

A Troca
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
O Leitor
Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor Direção de Arte

A Troca
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
A Duquesa
Foi Apenas um Sonho

Melhor Figurino

Austrália
O Curioso Caso de Benjamin Button
A Duquesa
Milk - A Voz da Igualdade
Foi Apenas um Sonho

Melhor Edição

O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Frost/Nixon
Milk - A Voz da Igualdade
Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor Maquiagem

O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Hellboy II - O Exército Dourado

Melhor Trilha Sonora

O Curioso Caso de Benjamin Button
Um Ato de Liberdade
Milk - A Voz da Igualdade
Quem Quer Ser um Milionário?
WALL-E

Melhores Efeitos Visuais

O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Homem de Ferro

Melhor Canção Original

“Down to Earth”, WALL-E
“Jai Ho”, Quem Quer Ser um Milionário?
“O Saya”, Quem Quer Ser um Milionário?

Melhor Edição de Som

Batman - O Cavaleiro das Trevas
Homem de Ferro
Quem Quer se um Milionário?
WALL-E
O Procurado

Melhor Mixagem de Som

O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
Quem Quer ser um Milionário?
WALL-E
O Procurado

Melhor Documentário

The Betrayal (Nerakhoon)
Encounters at the End of the World
The Garden
Man on Wire
Trouble the Water

Melhor Documentário em Curta-Metragem

The Final Inch
The Conscience of Nhem En
Smile Pinki
The Witness - From the Balcony of Room 306

Melhor Curta de Animação

La Maison en Petits Cubes
Lavatory - Lovestory
Oktapodi
Presto
This Way Up

Melhor Curta-Metragem de Ficção

Auf der Strecke (On the Line)
Manon on the Asphalt
New Boy
The Pig
Spielzeugland (Toyland)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Jornada kafkiana

Foi dada a largada. Com a estréia de “O curioso caso de Benjamin Button”, de David Fincher (“Clube da Luta”, “O Quarto do Pânico”), filmes com grandes chances de conquistar indicações ao Oscar começam a invadir as salas brasileiras. Oficialmente, os indicados saem no próximo dia 22, mas a temporada de prêmios que antecede aos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas já antecipa as figuras com presença garantida na grande noite do dia 22 de fevereiro. E o filme de Fincher com certeza estará lá.

A Academia Britânica de Cinema concedeu simplesmente 11 indicações ao seu prêmio anual, o Bafta Awards, para “Benjamin Button”. Se o Oscar seguir a mesma tendência, o filme pode até chegar a ser um novo recordista. Pode, mas não deve. Baseado em um conto de F. Scott Fitzgerald, que por sua vez foi inspirado em uma frase do escritor Mark Twain (“A vida seria infinitamente mais feliz se pudéssemos nascer aos 80 anos e gradualmente chegar aos 18”), o filme não consegue ir além de um bom argumento. A jornada fantástica começa com o nascimento de um bebê, no final da Primeira Guerra Mundial, que fisicamente se parece com uma pessoa idosa, e que por isso, é abandonado pelo pai. Coincidência ou não, ele vai parar nas mãos de Queenie (vivida de forma competente pela atriz Taraji P. Henson, de “Ritmo de um sonho”), responsável por um lar de idosos. E lá o bebê Benjamin passa a morar, até que, com o passar dos anos, sua saúde vai ficando mais forte e ele mais jovem, o suficiente para sair de casa em busca de novos horizontes.

O trajetória de Benjamin Button remete a saga de “Forrest Gump – O contador de histórias”, de Robert Zemeckis, mas sem a simpatia do personagem vivido por Tom Hanks. Com pitadas de humor, o texto, quando não traz obviedades como “Button, você é especial” ou uma passagem pela 2ª Guerra Mundial, força momentos poéticos e relações sem sentido. Benjamin vive experiências gratuitas (como o “exorcismo” na Igreja, que nem ao menos serve como pretexto para mostrar as tentativas de curá-lo, pois elas se esgotam ali mesmo), aleatórias e conhece pessoas que pouca diferença fazem em sua vida ou aprendizado (como o capitão do barco em que se alista, que lembra e muito o Tenente Dan Taylor, vivido por Gary Sinise no filme de Zemeckis). A exceção é Daisy, vivida brilhantemente, dos 26 aos 86 anos, por Cate Blanchett, por quem Button nutre um amor genuíno. Com mais de 2h e 30 minutos de duração, fica a sensação de que estamos diante de um roteiro que só existe para acompanharmos o processo de envelhecimento reverso do personagem-título.

Ao utilizar um narrador como recurso para costurar as aventuras de Button, o tiro sai pela culatra. É um problema grave (e bem comum) quando o narrador diz aquilo que a imagem traduz de maneira mais rápida e eficaz. Soa estúpido e atrasado quando Benjamin, em primeira pessoa, diz que enquanto rejuvenescia, os outros envelheciam. Enquanto o roteiro cai em suas próprias armadilhas, uma imagem bastante interessante é pouco explorada: a do relógio que corre pra trás. Construído por um relojoeiro famoso que perdeu o filho na guerra, o relógio da estação de trem corre no mesmo sentido do tempo de Button. Há uma cena muito bonita, editada em rewind, para mostrar que se o tempo voltasse, o filho do relojoeiro estaria vivo, mas nada além disso. No final, o relógio, já desativado, é levado pelas águas do Katrina (existe um núcleo paralelo, onde encontramos Daisy em seu leito de morte ouvindo a filha lhe contar a história de Benjamin, que se encontra às vésperas da tragédia em Nova Orleans em 2005), uma tentativa frustrada de fazer poesia com a imagem.

O que nos resta é o trabalho dos atores. Cate Blanchett, na verdade, é a carta na manga do filme, além é claro, dos ótimos trabalhos de maquiagem e efeitos especiais. Durante o filme, Button fica cerca de 20 anos longe de Daisy, e quando eles se reencontram na academia de balé, o olhar da atriz deixa escapar que as experiências vividas lhe trouxeram maturidade, mas também um peso nas costas. Brad Pitt, que vive Benjamin Button, também faz um trabalho digno, principalmente durante a “infância”. O que vemos é um velho, enrugado, encurvado, enfermo, mas guiado pela mente de uma criança, subjugado pela experiências dos mais “velhos” com quem convive. Esse contraste, entre aparência e conteúdo, Pitt desenvolve muito bem na personagem. Fotografia e trilha sonora também se destacam no longa. Cenas como a que vemos Daisy dançando para Benjamin à luz do luar tentam dar o tom lírico desejado à narrativa. Mas o roteiro raso fazem de “O curioso caso de Benjamin Button” uma grande falcatrua.

P.S.: Ao fazer a ficha técnica do filme, que você vê abaixo, li que Eric Roth, roteirista do filme, também escreveu “Forrest Gump”.


FICHA TÉCNICA

Título: "O curioso caso de Benjamin Button"
Título original: The curious case of Benjamin Button
País: EUA
Ano: 2008
Direção: David Fincher
Roteiro: Eric Roth e Robin Swicord, baseado em conto de F. Scott Fitzgerald
Elenco principal: Brad Pitt, Cate Blanchett, Tilda Swinton, Taraji P. Henson, Jason Flemyng
Duração: 166 min.
Gênero: Drama
Sinopse: Um homem de 50 anos, interpretado por Brad Pitt, começa a rejuvenescer inexplicavelmente. E ao se apaixonar por uma mulher de 30 anos (Cate Blanchett), se encontra em uma situação complicada, não sabe como manterá o relacionamento se ficar cada vez mais jovem, enquanto ela fica mais velha.
Estréia: 16 de janeiro de 2009.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Ode à mediocridade

Depois de "Onde os fracos não têm vez", os irmãos Ethan e Joel Coen, resolveram abordar a mediocridade humana sob uma perspectiva bem interesante. Resultado: em "Queime depois de ler", temos um divertido filme repleto de personagens perdedores, ou como chamam lá fora, "losers".

Um funcionário de baixo escalão do governo que acha que está sendo espionado, um instrutor afetado de uma academia de ginástica, um ex-membro da CIA que decide escrever um livro de memórias e sua esposa, uma médica sem expressão que se veste como executiva, e uma quarentona que sonha em fazer quatro procedimentos de cirurgias plásticas e combina encontros amorosos pela internet (que é ainda objeto de desejo de seu chefe), todos vividos brilhantemente por um elenco afinadíssimo. Destaque para Brad Pitt (o instrutor afetado) e Frances McDormand (a quarentona), hilários. A mania de grandeza os torna ainda mais patéticos, pois acreditam serem mais importantes do que realmente são, tanto que a situação absurda em que chegam personagens tão medíocres causa o desprezo (e um certo deboche) de outros, como vemos em uma conversa entre figurões da CIA.

O mais legal do roteiro dos irmãos Coen é a maneira como ele conduz as relações entre os envolvidos. A história custa um pouco a deslanchar, o que pode causar um pouco de frustração no espectador, mas depois de aproximadamente 25 minutos, os irmãos Coen nos apresentam o problema: um CD com supostas informações confidenciais da CIA vai parar na mão de dois funcionários de uma academia que acham que podem tirar alguma vantagem disso, sem ter a menor idéia do material que estão de posse. Mas não pense que são 25 minutos de enrolação. É tempo suficiente para que a teia de relações seja destrinchada e você consiga entender porque o CD foi parar ali e porque isso pode ser um problema.

A partir daí, o filme nos delicia com momentos trágicos...se não fossem cômicos! A cena em que Chad (Brad Pitt) e Linda (McDormand) tentam negociar com o dono do CD alguma recompensa por terem encontrado o material é uma das melhores do filme, e onde podemos ver o talento dos Coen tanto na direção quanto no roteiro. Se o espectador ainda tinha alguma dúvida se o filme ia ser bom, a revoravolta no desenrolar dessa conversa acaba com todas elas. Outro ponto alto do filme acontece quando há o encontro de Pitt e Clooney, que também protagoniza um dos momentos mais hilariantes do longa, ao revelar o que estava construindo no porão de casa. Mas não pense que é uma comédia gratuita. Quem conhece o trabalho dos diretores em "E aí meu irmão, cadê você?" sabe que a dupla consegue lidar com o riso de forma inteligente e sem exageros. Em "Queime depois de ler", eles comprovam seu talento e mostram porque mereceram o Oscar.


FICHA TÉCNICA

Título: "Queime depois de ler"
Título original: Burn after reading
País: EUA
Ano: 2008
Direção: Ethan Coen & Joel Coen
Roteiro: Ethan Coen & Joel Coen
Elenco principal: Frances McDormand, Brad Pitt, George Clooney, Tilda Swinton, John Malkovich, J.K. Simmons, Richard Jenkins
Duração: 95 min.
Gênero: Comédia
Sinopse: Osbourne Cox (John Malkovich) é um agente da CIA expulso da agência que escreve suas memórias contendo detalhes reveladores. Mas o CD no qual o texto está escrito cai acidentalmente nas mãos de dois confusos e atrapalhados funcionários de uma academia de ginástica (Frances McDormand e Brad Pitt), que tentam faturar uma grana em cima das informações que conseguem.
Estréia: 28 de novembro de 2008

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cão sem dono

Comecei o ano de 2009 com um filme lançado no finalzinho do ano passado. O grande sucesso editorial, "Marley e eu", do jornalista John Grogan, foi adaptado para o cinema pelo diretor de "O diabo veste Prada", David Frankel. O trabalho eficiente no último filme infelizmente não se repete nessa empreitada.

Sem muitas novidades, "Marley e eu" soa artificial. Não é um filme sobre como a vida de uma família se transforma com a presença do cachorro. O casal formado por Owen Wilson e pela sempre estonteante Jennifer Aniston é até simpático, mas não passa por nenhuma transformação, nem nenhuma grande dificuldade na vida. Destacaria apenas o fato de que Grogan, menos conheceido que sua mulher também jornalista, ganha alguma fama depois que começa a escrever uma coluna sobre o cotidiano (que obviamente inclui as travessuras de Marley) em um jornal local. Há, inclusive, uma cena escrita apenas para mostrar a variedade de assuntos tratados na coluna, que chega ser cansativa de tão longa e de cortes tão rápidos.

Mas o grande pecado do roteiro foi não desenvolver a relação da família com o cão, acredito que por culpa da história original (não cheguei a ler o livro). Marley só ganha destaque mesmo no final e, ao longo do filme, não consquista o público, ao contrário, pois de tão levado, chega a ser chato. Salvo a cena em que Grogan (o próprio autor do livro, vivido por Wilson) acaba carregando o cão pelo lado de fora da janela do carro, as outras travessuras do labrador são irritantes. Fica a sensação de que Marley, um cão comprado em liquidação, é mesmo um cão sem dono.

FICHA TÉCNICA

Título: "Marley e eu"
Título original: Marley and me
País: EUA
Ano: 2008
Direção: David Frankel
Roteiro: Scott Frank, baseado no livro "Marley and me", de John Grogan
Elenco principal: Owen Wilson, Jennifer Aniston, Eric Dane, Alan Arkin, Kathleen Turner Duração: 123 min.
Gênero: Comédia
Sinopse: John e Jenny eram jovens, apaixonados e estavam começando a sua vida juntos, sem grandes preocupações, até o momento em que levaram para casa Marley, "uma bola de pêlo amarelo em forma de cachorro", que, rapidamente, se transformou em um labrador enorme e encorpado de 43 quilos. Era um cão como não havia outro nas redondezas: arrombava portas, esgadanhava paredes, babava nas visitas, comia roupa do varal alheio e abocanhava tudo a que pudesse. De nada lhe valeram os tranqüilizantes receitados pelo veterinário, nem a "escola de boas maneiras", de onde, aliás, foi expulso. Mas, acima de tudo, Marley tinha um coração puro e a sua lealdade era incondicional.
Estréia: 25 de dezembro de 2008