terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Top 10 2008

Bem galera, para abrir os trabalhos deste humilde blog, uma lista dos melhores filmes que assisti no ano, como é de praxe em todo fim de ano. Aliás, 2008 foi uma exceção na minha trajetória como cinéfilo, e espero que em 2009, com a criação desse espaço, as coisas caminhem um pouco diferente. Foram pouco mais de 50 filmes assistidos no total, incluindo os que vi no cinema (um ínfimo número de 27) e em casa. Um número ridículo, eu diria até vergonhoso, pois representa 1/3 do que estou acostumado a ver em média desde 1999.

Mas pelo menos consegui chegar a uma lista decente dos melhores de 2008. Também vou citar algumas "bombas", filmes que vocês não devem nem olhar a capinha do DVD pra tentar saber do que se trata, pois podem ser enganados por uma sinopse bem escrita ou um nome famoso no elenco ou na produção. Nesse sentido, a revolução tecnológica que vivi aqui em casa (trocando de computador..rs) me salvou de ter gasto grana e tempo com certas porcarias que cismam em chamar de filme. É o que dizem: se for fazer besteira ou comer porcaria, melhor que seja em casa.

Então vamos à elas:

1 Ensaio sobre a cegueira

Indiscutivelmente o melhor roteiro e direção do ano. O filme de Fernando Meirelles é tenso, criativo e tem ótimas atuações. Além da discussão sobre a moralidade humana (que não é bem mérito do filme, mas do livro), o filme abusa de recursos cinematográficos (como a fotografia que imita a cegueira) que fazem dele uma obra-prima. Me deixou em choque e há muito tempo isso não acontecia comigo. Por isso, é dele o primeiro lugar.

2 Na natureza selvagem

Uma comovente história, uma lição de vida, uma paisagem encantadora como pano de fundo e a melhor trilha sonora do ano. Parece mais um melodrama? Mas não é. Sean Penn conduz com a maturidade de um mestre a história do jovem que abandona a família, ou melhor, a civilização depois que recebe o diploma da faculdade. Emile Hirsch, o protagonista, está excelente e cativa o espectador, que acaba embarcando nessa idéia de que o melhor é viver sozinho mesmo. Não vou contar mais. Vejam o filme, é imperdível!

3 Batman – O cavaleiro das trevas

Fazer comentários sobre o filme mais comentado do ano sem ser repetitivo é difícil né? A interpretação de Heath Ledger para o Coringa é a melhor do ano, é o melhor filme do Batman, a primeira seqüência já vale o ingresso do filme, blá blá blá... Se alguém ainda não viu, tá esperando o quê? "Let's put a smile on that face!" Só uma observação: a nova Rachel consegue ser pior que a Katie Holmes, que fez um bom trabalho no filme anterior. Só por isso que Batman ficou em terceiro.

4 Apenas uma vez

Como um filme de apenas uma hora e vinte minutos consegue ser tão encantador? Este pequeno (tanto em tamanho quanto em orçamento) filme irlandês consegue. "Once", no original, conta a história do encontro de dois músicos que se conhecem por mero acaso nas ruas de Dublin e que se envolvem, através da música, de forma carinhosa, transcendental. Um belíssimo encontro de almas. Se você não acredita em alma gêmea, vai mudar de opinião depois desse filme. E de quebra, lindas músicas originais cantadas e compostas pelos atores protagonistas que fazem deste filme um musical "disfarçado". Oscar de melhor canção original para "Falling slowly" (música que eles cantam na loja de instrumentos).

5 Sangue negro

Um filme arrebatador. Interpretações marcantes de Daniel Day-Lewis e Paul Dano, o irmão mudo de "Pequena Miss Sunshine". Roteiro soberbo. Fotografia vencedora do Oscar. Direção segura e objetiva. Não preciso dizer mais nada. Um filmaço.

6 Cloverfield

Tensão do início ao fim. Um roteiro enxuto, eficaz e tão redondo que o torna previsível em algumas cenas, mas fazem desse filme o melhor suspense do ano. Na verdade, o filme finge ser uma fita encontrada depois que um monstro invadiu Manhantan, feita por um rapaz que filmava uma festa e não desligou mais a câmera, captando tudo desde a primeira explosão. Uma mistura de "Godzilla" com a "Bruxa de Blair", com cenas muito fortes e muitos sustos. Tudo bem que algumas situações são meio clichês, você já sabe o que vai acontecer, mas o medo está lá. E se você gosta de sentir aquele frio na barriga e níveis de adrenalina acima do normal, "Cloverfield" é uma ótima pedida.

7 Um beijo roubado

Há momentos em que não é preciso dizer nada para se entender o que está sendo dito. "My blueberry nights" usa e usa muita bem esse recurso para retratar o relacionamento dos personagens de Jude Law e Norah Jones, que, mesmo sem experiência como atriz, cumpre bem o papel. Com aparições de Natalie Portman e Rachel Weisz, o primeiro filme americano de Wong Kar-Wai, é um romance gostoso de se ver, sobre um homem apaixonado, uma mulher perdida e uma torta de mirtilo. Dá quase pra imaginar o gosto que isso tem.

8 Juno

A inevitável, porém injusta, comparação com "Pequena Miss Sunshine", de 2006, fez o filme perder um pouco o brilho, por isso a oitava posição. Digo injusta porque se não houvesse tido essa comparação, o filme seria melhor recebido, pelo menos por mim, e um comparação infeliz, eu diria, porque alhos não tem nada a ver com bugalhos. O filme conta a história de uma adolescente que engravida na primeira relação com seu namorado nerd e as conseqüências do "acidente". Mas o filme não é sobre gravidez na adolescência (mais um erro causado pela compulsão da mídia e do público em geral em rotular os filmes). É mais sobre como as pessoas encaram fatos que podem mudar a vida por completo, sobre aceitação e maturidade. E pra mim esse é o grande mérito do filme. E como todo apreciador de música, também destaco a trilha sonora encatadora, que chegou a ser um dos discos mais vendidos na época nos Estados Unidos.

9 Wall-E

Com toda certeza a melhor animação do ano. Com "Wall-E", a Pixar atinge um outro patamar na produção de animação em longa-metragem. Não só porque é um filme que agrada a toda a família, de 8 a 80 anos, coisa que eles já fazem com maestria desde "Toy Story". Mas porque traz questões relevantes para sociedade, alimentando discussões sobre o futuro do nosso planeta sem ser moralista ou clichê. Um filme com poucos diálogos, o que poderia até distrair a atenção dos pequenos, mas que prende pela extrema simpatia dos personagens e pela ação que se desenrola sem complicação. Uma animação como nenhuma outra já feita pela Pixar, que continua sendo o maior e melhor estúdio do gênero.

10 Onde os fracos não têm vêz

O ganhador do Oscar de melhor filme do ano acabou ficando em décimo lugar, mas não falta de méritos, apenas por uma questão de empatia deste blogueiro. Um filme difícil de digerir, também enxuto nos diálogos, mas com muita ação. Quando um homem comum encontra uma mala cheia de dinheiro que pertenceria a um psicopata sem limite moral algum, uma perseguição implacável começa. As cenas de encontros e desencontros entre gato e rato são tensas e fazem deste filme dos Irmãos Coen uma obra-prima, que explora em todos os sentidos a linguagem cinematográfica. E de quebra ainda levanta a discussão sobre uma terra onde só os mais fortes sobrevivem.


E agora as bombas do ano! Como já disse, passem longe...bem longe...

1 Fim do Tempos

M. Night Shyamalan se supera a cada filme. É triste ver que o criador de um clássico como "O sexto sentido" se perdeu completamente numa história estapafúrdia, cheia de clichês de roteiro e de linguagem e atuações medíocres. Aqui jaz um diretor.

2 1408

Não sei porque perdi meu tempo assistindo a mais um filme baseado em Stephen King. Enfim...mais uma tentaiva frustrada de causar sustos, que, no fim, só provoca mesmo risos, tamanha é a falta de lógica, de sentido e de bom senso dessa história absurda sobre um caçador de lugares mal-assombrados que fica preso em um quarto de hotel maldito. Dá pra imaginar as bizarrices que aperecem.

3 Jumper

Parece um filme editado por alguém que acabou de aprender e resolveu testar algumas ferramentas. Essa história do pseudo-herói que consegue viajar pelo espaço e pelo tempo não tem a menor razão de existir, a não ser como prática de edição e justificativa para a falta total de continuidade espaço-temporal, que é sustentada pelo enredo, mas é irritante para o espectador, pois o filme não traz mais nada além dessa brincadeira de ficar pulando pelos pontos turísticos do mundo. Totalmente dispensável.