sexta-feira, 24 de julho de 2009

O fantástico mundo de Tim Burton

Saiu essa semana na web o primeiro trailer do mais novo filme do genial Tim Burton, "Alice no País das Maravilhas". Depois de refilmar o clássico "A fantástica fábrica de chocolate", Tim Burton volta ao universo fantástico estilo parece-infantil-mas-é-bizarramente-adulto, que o tornou um dos poucos diretores de Hollywood que ainda consegue deixar um assinatura em seus filmes.

Além disso, Burton retoma a parceria de sucesso com Johnny Depp, que começou com "Edward Mãos-de-Tesoura", de 1990. De lá pra cá, foram mais seis filmes(Ed Wood, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, a refilmagem de A Fantástica Fábrica de Chocolate, a animação A Noiva-Cadáver, e Sweeney Todd o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet), incluindo "Alice no País das Maravilhas", em que viverá o Chapaleiro Maluco.



A trama deste novo filme,que está em fase de pós-produção, será uma espécie de sequência do clássico original: Alice (Mia Wasikowska), aos 17 anos, vai a uma festa vitoriana e descobre que está prestes a ser pedida em casamento perante centenas de socialites. Ela então foge, seguindo um coelho branco, e vai parar no País das Maravilhas, um local que ela visitou há dez anos, mas não se lembrava.

"Alice no País das Maravilhas" é, ao lado de "Frankenweenie, um dos dois projetos do diretor com o Walt Disney Studios que serão exibidos em 3D. Além de Johnny Depp, Anne Hathaway, Alan Rickman, Matt Lucas, Michael Sheen, Helena Bonham Carter,Crispin Glover, Christopher Lee e Eleanor Tomlinson também estão no elenco.

O filme estreia em 5 de março de 2010.

*Com informações do site Omelete

sábado, 18 de julho de 2009

Equilíbrio de forças

“Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, o filme mais esperado dos últimos 11 meses, finalmente chegou aos cinemas essa semana. O filme, que em agosto do ano passado teve a estréia adiada de 21 de novembro de 2008 para o dia 15 deste mês, irritando a maioria dos fãs (inclusive eu), já arrecadou mais de 100 milhões de dólares em apenas um dia, uma quarta-feira.

Dizer que a expectativa era enorme pode parecer redundante, mas não é exagero, pois tudo em se tratando do jovem bruxo de J.K. Rowling é grandioso. Além de ser uma das sagas de maior sucesso no mundo, que mantém todos os filmes até este na lista das 30 maiores bilheterias de todos os tempos, em “O Enigma do Príncipe” vamos desvendar o passado de Lord Voldemort, mas também ver Harry perder uma pessoa muito querida e próxima, em um dos momentos mais emocionantes de toda a série.

Depois da morte do padrinho Sirius Black, em “A Ordem da Fênix”, Harry mal tem tempo de se recuperar da dor da perda do único familiar ainda vivo e é designado por Dumbledore a cumprir uma delicada tarefa. Harry tem que se aproximar do novo professor de Poções, Horácio Slughorn, para arrancar dele uma importante memória sobre o passado de Voldemort. Ao mesmo tempo e do outro lado, Draco Malfoy também é incumbido de uma grande missão. Enquanto tenta descobrir o que o Professor Slughorn parece esconder com tanto afinco, Harry embarca em uma jornada pelas memórias de Dumbledore sobre Tom Riddle, ou seja, você sabe quem.

Os primeiros dez minutos do longa funcionam como um prefácio do que está por vir: o filme mais sombrio da saga e uma explosão de hormônios adolescentes. O diretor David Yates dá destaque aos conflitos de relacionamento entre os jovens bruxos, o que torna o filme e até nosso próprio herói mais humanos, pois se mostram ciumentos, invejosos, inseguros e um pouco malandros também. Até Dumbledore parece mais à vontade em lidar com a libido adolescente e chega a perguntar a Harry se existe alguma coisa entre ele e Hermione. Impagável!

O roteiro enxuto poupa o espectador de explicações, apesar de dar mais atenção aos diálogos que os filmes anteriores. Sendo um livro de transição, em que se aguarda o momento da grande batalha entre Lord Voldemort e Harry Potter, a autora foi obrigada a tentar desatar alguns nós, e utiliza do clássico recurso do flashback, que também é incorporado ao filme. Porém, o livro acaba se tornando um pouco cansativo, o que não acontece com o filme, que flui melhor. Yates optou por apenas três flashbacks (sendo dois sobre o mesmo momento), que eram os mais importantes, e ainda acrescentou uma das melhores cenas de ação da saga, que não constava no livro, para dar mais dinamismo ao filme.

Algumas personagens ganham mais destaque, como Draco Malfoy e Gina Weasley, assim como as pitadas de humor, que, por incrível que pareçam, são protagonizadas também por Harry - é ótimo ver como Daniel Radcliffe amadureceu profissionalmente, principalmente quando Harry está sob efeito da poção Félix Felicis - e não apenas pelo amigo trapalhão Rony Weasley. Aliás, os caçulas da família Weasley, Gina e Rony, se mostram cada vez mais inteligentes e populares na escola. A vitória no quadribol, que está de volta nesse episódio da série, lhe rende até uma namorada! Já Harry se mostra mais maduro, obediente e menos revoltado que no último filme, pois parece aceitar a difícil tarefa que lhe foi imposta na guerra contra o Lord das Trevas. Mas, como todo adolescente, tenta tirar proveito das vantagens que a vida proporciona, ao tentar chamar a atenção de uma garota na escola ou mesmo colando de um misterioso livro usado nas aulas de Poções.

A propósito, a história do Príncipe Mestiço (o “half-blood Prince” do título), o dono misterioso do livro que Harry usa na aula de Poções, passa batida, mas justifica-se, pois a prioridade de Yates no longa é preparar o campo para a próxima fase da história, e para isso precisava dar atenção à relação entre Dumbledore e Harry, aos flahsbacks que explicam a origem de Voldemort e ao amadurecimento de toda a turma.

Porém, como nem tudo é perfeito, David Yates peca em alguns momentos, mas nada que comprometa sua qualidade, já que o diretor se mostrou o melhor da série, ao equilibrar corretamente os diálogos e as cenas de ação. Os fãs mais fervorosos podem sentir falta da família Dursley (se é que é possível), de Fleur DeLacour ou do novo ministro da magia, Rufo Scrimgeour, que estão na obra original. Mas talvez a cena em que os Comensais da Morte invadem Hogwarts tenha sido a mais prejudicada. Um dos momentos mais tensos do livro, a sequência começa mantendo a euforia, principalmente pela edição que mescla o encontro entre Malfoy e Dumbledore e a chegada dos comensais pelo Armário Sumidouro, mas depois esfria, pois a tão aguardada luta entre alunos, professores e os comensais foi omitida no filme.

Se aqui ele pecou pela falta, em outro momento, peca pelo excesso. Na cena em que Harry conhece o professor Horácio Slughorn, o rapaz fica deslumbrado com a magia usada por Dumbledore para arrumar a casa, o que, na idade dele e depois de tudo que passou, não é verossímil. A direção de arte, sempre fiel ao universo de J.K Rowling, também comete uma pequena falha: observe que o orfanato em que Tom Riddle vivia quando criança, por exemplo, se parece com o Departamento de Mistérios do Ministério da Magia, no filme de 2007. Mas acerta em cheio ao mostrar, no Beco Diagonal, o contraste entre a loja dos gêmeos Weasley e o abandono das outras. Já a fotografia aproveita que o filme é mesclado de momentos sombrios e eufóricos para variar também no uso de luz e cores. Nos flashbacks na penseira de Dumbledore, observa-se o predomínio da cor verde, que é a cor da Sonserina, ou seja, nada mais apropriado já que se falava de Voldemort. Nos momentos descontraídos opta por cores quentes e já nos sombrios predominam tons mais escuros e monocromáticos, endossado pelas paisagens sempre desertas e o tempo nublado. Parecem escolhas óbvias (e realmente são), mas cumprem o papel de maneira eficiente.

Tão gostoso de se ver é também o trabalho dos atores. Daniel Radcliffe prova que amadureceu como ator e mostra um trabalho se não brilhante, pelo menos competente. Não se pode culpá-lo, afinal, o brilho é mesmo dos veteranos e fica difícil competir com eles. A vantagem de ter atores tão experientes como Alan Rickman, Michael Gambon, Helena Bonham Carter ou Jim Broadebent no elenco é proporcionar ao espectador atuações inspiradas mesmo em um filme tão comercial. A cena do embate entre Snape e Dumbledore, por exemplo, fica ainda melhor que no livro graças às expressões de seus atores, Rickman e Gambon. A personalidade de Snape deixa o espectador sempre com um pé atrás, mas, desta vez, é justamente o contrário: Rickman e Gambon nos fazem acreditar que alguma coisa está errada com aquilo tudo. Destaque também para a caracterização de Dumbledore, que parece realmente ter envelhecido alguns anos do último filme para cá. Pra reforçar, Gambon interpreta um diretor que parece sempre cansado e mais fraco, o que justifica o fato de que todos temem pelo tempo que Dumbledore vai conseguir aguentar. Certo mesmo é que os fãs vão ter que agüentar pelo menos mais um ano para ver o início da conclusão da série, já que o último livro foi desmembrado em dois filmes. Pelo menos, dessa vez, valeu a pena esperar.

FICHA TÉCNICA

Título: "Harry Potter e o Enigma do Príncipe"
Título original: Harry Potter and the Half-Blood Prince
País: EUA/Reino Unido
Ano: 2008
Direção: David Yates
Roteiro: Steve Kloves
Elenco principal: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Julie Walters, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Bonnie Wright, Jessie Cave, Tom Felton, Jim Broadbent, Maggie Smith, Michael Gambon, Evanna Lynch.
Duração: 153 min.
Gênero: Aventura
Sinopse: Harry Potter (Daniel Radcliffe) suspeita de perigos que se aproximam, enquanto o diretor da escola, Dumbledore (Michael Gambon), já pensa na batalha final, que ele sabe que está por vir. Juntos, descobrem uma forma para se defenderem de Voldemort (Ralph Fiennes), que aparece cada vez mais perigoso, impedindo a segurança de Hogwarts. Dumbledore contrata seu antigo amigo, o Professor Horácio Slughorn (Jim Broadbent), pois acredita que ele tenha informações cruciais para ajudá-lo. Além dos perigos que rondam a escola, os adolescentes estão com os hormônios a flor da pele, o que promete muito romance no ar.
Estreia: 15 de julho de 2009

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Muita pretensão

Atenção! Este texto contém spoilers. Mas em se tratando de “Transformers: A Vingança dos Derrotados”, isso não é problema. Cada passo dos protagonistas Sam, Mikaela e dos barulhentos robôs é tão previsível que acho difícil contar aqui algo que até mesmo um espectador de 11 anos não consiga prever durante a projeção.

A sequência do filme de 2007, com que este blog é até simpático, começa com um flashback de quase 20.000 anos. Retornando aos tempos pré-históricos, descobrimos que os Decepticons já haviam estado na Terra e travado aqui uma grande batalha. No fim da guerra, uma poderosa fonte de energia para os robôs alienígenas – chamada de Matriz – é escondida pelos robôs bonzinhos, para evitar a destruição de planetas, inclusive a da própria Terra. Já no tempo presente, os Decepticons decidem retornar ao nosso território para justamente procurar essa fonte de energia. Mas para encontrá-la, eles precisam de Sam (Shia LaBeouf), que, acidentalmente, absorveu em sua mente o mapa que pode indicar a localização exata da Matriz, o que vai provocar uma nova guerra entre os Decepticons e os Autobots.

O roteiro pobre (e muitas vezes, incoerente) de Ehren Kruger, Roberto Orci e Alex Kurtzman os fazem parecer amadores, o que é surpreendente, pois os dois últimos já assinaram filmes de ação de alto nível, como “Star Trek” e “Missão: Impossível 3”, ambos do cultuado J.J. Abrams. O texto do trio opta por caminhos mais fáceis para resolver problemas, como quando o grupo do bem encontra a tumba dos Prime, uma espécie de linhagem real de robôs, ou quando os Decepticons interceptam o satélite de comunicação dos Estados Unidos, o que permite com que eles descubram onde os militares mantinham o Megatron adormecido. Ou ainda quando o Fallen, o patriarca dos Decepticons, repete que quem só pode derrotá-lo é um robô Prime, ou seja, para que o espectador aceite a derrota dos maus no final (ih, contei!), mesmo sabendo que o arsenal dos mauzinhos é infinitamente superior. E por aí vai.

A narração que inicia e conclui a história tenta dar um espírito épico à narrativa, mas exagera no tom messiânico, que beira o ridículo. De épico mesmo, só as duas horas e meia de duração (que poderiam facilmente virar somente duas). Momento igualmente patético é a 'ressurreição' de Sam. Fico imaginando onde seria o céu dos robôs. O filme também não encontra o tom na caracterização dos robôs, que se mostram humanos demais em momentos dispensáveis como quando um deles diz sentir o ‘cheiro’ do inimigo, ou o linguajar dos robôs-gêmeos, que imita, de forma estereotipada, o de afro-descendentes americanos.

A infinidade de clichês cansa e dá até pena, como a cena em que Mikaela aguarda contato de Sam pela webcam, em seu primeiro dia na universidade, ou quando ela chega no campus e flagra o namorado com outra na cama, mesmo sendo essa outra uma alienígena que é uma mistura da ciborgue de “O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas” com a mutante de “A Experiência”. Apesar da baboseira patriótica típica de filmes de ação, principalmente os de Michael Bay, o diretor prova que sabe dirigir cenas do gênero, sempre grandiosas, com efeitos visuais impecáveis e edição de som envolvente, mas o que dizer da direção de atores? Tudo bem que a capacidade de alguns deles é bem limitada. Megan Fox, por exemplo, o que tem de linda tem de ruim. E como sua beleza estonteante predomina, é explorada até o limite, desde a primeira aparição da personagem, montada em uma moto com um micro short. Já o protagonista Shia LaBeouf não supera expectativas, um pouco prejudicado pelas cenas em que surta com os códigos da All Spark em sua cabeça, mais uma prova do péssimo gosto de Bay, mas pelo menos LaBeouf mostra que manteve o mesmo nível do filme anterior, o que ainda deve dar fôlego para o terceiro filme.

A pretensão de Bay com “Transformers 2” é tanta que ele acredita que consegue fazer comédia, e tenta ser engraçado em alguns momentos, principalmente aqueles protagonizados pela mãe de Sam. No entanto, a tentativa acaba tornando o longa ainda mais cansativo. O único que ainda convence é o agente Simmons, vivido pelo veterano John Turturro, que tem o timing perfeito de comédia. A mesma pretensão é passada aos militares do filme. Afinal, por que mandar os humanos enfrentarem os Decepticons na frente, se eles não sabem que não têm a menor chance? Ou será que eles acham que podem vencer robôs de dez metros de altura com fuzis e metralhadoras?

O jeito agora é esperar que o terceiro seja, pelo menos, tão divertido quanto o original, que se tornou mais interessante depois desse fiasco, pois tanta pretensão e previsibilidade fizeram de “Transformers 2” apenas uma longa espera para um final entediosamente inevitável.


FICHA TÉCNICA

Título: "Transformers: A Vingança dos Derrotados"
Título original: Transformers: Revenge of the Fallen
País: EUA
Ano: 2009
Direção: Michael Bay
Roteiro: Ehren Kruger, Roberto Orci e Alex Kurtzman
Elenco principal: Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, Tyrese Gibson, John Turturro, Matthew Marsden, Glenn Morshower, Ramon Rodriguez.
Duração: 148 min.
Gênero: Ação
Sinopse: Sam (Shia LaBeouf) e Mikaela (Megan Fox) voltam a ficar na mira dos Decepticons, que desta vez precisam do rapaz vivo, já que ele detém conhecimentos valiosos sobre as origens dos Transformers e como aconteceu a história dos robôs neste planeta. Em paralelo, os militares americanos e uma força internacional unem-se aos bons Autobots para enfrentar os vilões.
Estreia: 24 de junho de 2009