segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cão sem dono

Comecei o ano de 2009 com um filme lançado no finalzinho do ano passado. O grande sucesso editorial, "Marley e eu", do jornalista John Grogan, foi adaptado para o cinema pelo diretor de "O diabo veste Prada", David Frankel. O trabalho eficiente no último filme infelizmente não se repete nessa empreitada.

Sem muitas novidades, "Marley e eu" soa artificial. Não é um filme sobre como a vida de uma família se transforma com a presença do cachorro. O casal formado por Owen Wilson e pela sempre estonteante Jennifer Aniston é até simpático, mas não passa por nenhuma transformação, nem nenhuma grande dificuldade na vida. Destacaria apenas o fato de que Grogan, menos conheceido que sua mulher também jornalista, ganha alguma fama depois que começa a escrever uma coluna sobre o cotidiano (que obviamente inclui as travessuras de Marley) em um jornal local. Há, inclusive, uma cena escrita apenas para mostrar a variedade de assuntos tratados na coluna, que chega ser cansativa de tão longa e de cortes tão rápidos.

Mas o grande pecado do roteiro foi não desenvolver a relação da família com o cão, acredito que por culpa da história original (não cheguei a ler o livro). Marley só ganha destaque mesmo no final e, ao longo do filme, não consquista o público, ao contrário, pois de tão levado, chega a ser chato. Salvo a cena em que Grogan (o próprio autor do livro, vivido por Wilson) acaba carregando o cão pelo lado de fora da janela do carro, as outras travessuras do labrador são irritantes. Fica a sensação de que Marley, um cão comprado em liquidação, é mesmo um cão sem dono.

FICHA TÉCNICA

Título: "Marley e eu"
Título original: Marley and me
País: EUA
Ano: 2008
Direção: David Frankel
Roteiro: Scott Frank, baseado no livro "Marley and me", de John Grogan
Elenco principal: Owen Wilson, Jennifer Aniston, Eric Dane, Alan Arkin, Kathleen Turner Duração: 123 min.
Gênero: Comédia
Sinopse: John e Jenny eram jovens, apaixonados e estavam começando a sua vida juntos, sem grandes preocupações, até o momento em que levaram para casa Marley, "uma bola de pêlo amarelo em forma de cachorro", que, rapidamente, se transformou em um labrador enorme e encorpado de 43 quilos. Era um cão como não havia outro nas redondezas: arrombava portas, esgadanhava paredes, babava nas visitas, comia roupa do varal alheio e abocanhava tudo a que pudesse. De nada lhe valeram os tranqüilizantes receitados pelo veterinário, nem a "escola de boas maneiras", de onde, aliás, foi expulso. Mas, acima de tudo, Marley tinha um coração puro e a sua lealdade era incondicional.
Estréia: 25 de dezembro de 2008

Um comentário:

  1. Quem tiver tempo e disposição, leia a crítica do Pablo Villaça, editor do site Cinema em Cena. Está disponível no endereço http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_critica=7394&id_filme=6001&aba=critica.
    Ele traz uma opinião interessante sobre o filme, com um rigoroso detalhamento. Vale conferir.

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