O filme "Titanic", que alcançou em 1997 a maior bilheteria da história, vai voltar aos cinemas em versão 3D digital. Atualmente o diretor do longa-metragem original, James Cameron, prepara o novo visual da produção. Ainda não há previsão de estreia.
Em entrevista à revista americana "Time" publicada esta semana, Cameron revela que a nova versão promete fazer o espectador se sentir dentro do Titanic junto com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, que estrelam o romance.
A tecnologia 3D digital, que conquista cada vez mais espaço em Hollywood, traz óculos especiais mais modernos e imagens captadas diretamente em três dimensões. O resultado é uma maior nitidez, fidelidade às cores e menor chance de causar enjoo nos espectadores, como acontecia com o antigo sistema 3D.
Cameron também trabalha em seu novo filme, a superprodução "Avatar", com estreia prevista para dezembro. Com orçamento em torno de US$ 200 milhões, o longa de animação traz uma trama futurista e também usa a tecnologia 3D digital.
Fonte: Portal G1
quarta-feira, 25 de março de 2009
quinta-feira, 19 de março de 2009
Top 10 - Filmes baseados em HQs
Como essa semana não assisti nada que me inspirasse a escrever, resolvi inaugurar uma seção aqui no blog. Uma vez por mês você vai ver aqui uma lista de "10 mais" temática.
Aproveitando que estão em cartaz "Watchmen" e "The Spirit", o que também inspirou a Megazine, do jornal O Globo, a publicar uma matéria essa semana falando sobre as melhores e piores adaptações de quadrinhos para o cinema, resolvi começar com esse tema. Afinal, na natureza nada se cria, tudo se copia...rs
Mas antes da lista, quero deixar claro duas coisas: não sou um "conhecedor" de quadrinhos (acho que, na vida, só li mesmo a Turma da Mônica e alguma coisa dos X-Men) e também não considerei filmes feitos antes de 2000 (principalmente porque não os assisti). Daí justifica-se a ausência de "Superman - O Filme", por exemplo, considerado um dos melhores filmes baseados em quadrinhos por muita gente.
Portanto, para mim, as qualidades cinematográficos foram mais importantes que os méritos de fidelidade à obra original, por não conhecer as obras orginais.
Vamos a eles então:
10. Oldboy (2003)
Oh Dae-su é sequestrado e confinado em um quarto de hotel por 15 anos. Quando sai, só o que deseja é descobrir porque fizeram isso com ele e vingar-se. O filme do sul-coreano Chan-wook Park traz um dos finais mais surpreendentes que eu já assisti no cinema.
9. 300 (2006)
Baseado em quadrinhos de Frank Miller, "300" narra a batalha entre persas e espartanos, na Grécia Antiga. Com um visual arrebatador e muita tecnologia, o filme elevou a linguagem de filmes baseados em HQs a um novo patamar.
8. Homem de Ferro (2008)
Grande parte do sucesso de "Homem de Ferro" se deve ao carisma e talento de seu ator principal: Robert Downey Jr, que está sensacional como o herói. Mas o roteiro, que traz um humor refinado e cenas de ação espetaculares, também ajuda.
7. Anti-herói Americano (2003)
Nada de explosões ou lutas intermináveis. "American Splendor" (no original) é baseado em uma série de quadrinhos alternativos escritos pelo norte-americanos Hervey Pekar. No filme, mesclado com depoimentos reais do próprio, ele é vivido pelo ótimo Paul Giamatti. Com um tom tragicômico, conta a história da vida de Pekar, seu cotidiano, suas angústias e frustrações.
6. Sin City – A Cidade do Pecado (2005)
Mais um filme baseado em quadrinhos de Frank Miller. Dirigido pela dupla Robert Rodriguez e Quantin Tarantino, traz ótimos personagens, incluindo algumas figuras bem bizarras. Mistura de filme noir com "Kill Bill". E, claro, com direito a muito sangue!
5. Batman Begins (2005)
Christopher Nolan revolucionou a franquia do homem-morcego, ao retratar Gotham City de forma sombria e realista, muito diferente da Sapucaí criada por Joel Schumacher nos últimos filmes. Outro destaque foi a escolha do elenco, encabeçado pelo ótimo (e problemático) Christian Bale.
4. X-Men: O Confronto Final (2006)
Pode não ser o melhor filme dos mutantes, mas é o mais empolgante. Novos mutantes, o surgimento da Fênix Negra e a morte de três personagens demonstram uma certa ousadia de Brett Ratner. É o mais fiel à série animada, e por isso foi o que mais gostei.
3. Homem-Aranha 2 (2004)
Sam Raimi conseguiu superar o bom trabalho realizado no primeiro filme do Aranha. Com muito mais ação e humor, "Homem-Aranha 2" parece ser uma das adptações que melhor conseguiram traduzir a linguagem dos HQs para a tela grande.
2. V de Vingança (2005)
Tão violento quanto o seu próprio (anti-)herói é o impacto do filme no espectador. De forte conteúdo político, "V de Vingança" é baseada ne graphic novel de Alan Moore (o mesmo criado de Watchmen). A história se passa em uma Londres futurística, sob um governo totalitário, quando a jovem Evey é salva pelo anarquista e enigmático "V", que promove um levante contra a tirania e a opressão. Produzido pelos irmãos Wachowski (de "Matrix"), o filme discute os artifícios usados na política para a manutenção do poder.
1. Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008)
Como se já não fosse suficiente o feito de "Batman Begins", Nolan nos presenteia com um novo clássico do cinema. Um ator no auge de sua inspiração, uma história carregada de conteúdo político, roteiro recheado de frases marcantes, enfim, "The Dark Knight" não é só o melhor filme baseado em HQ mas é também um dos 10 melhores filmes produzidos nos últimos dez anos.
Aproveitando que estão em cartaz "Watchmen" e "The Spirit", o que também inspirou a Megazine, do jornal O Globo, a publicar uma matéria essa semana falando sobre as melhores e piores adaptações de quadrinhos para o cinema, resolvi começar com esse tema. Afinal, na natureza nada se cria, tudo se copia...rs
Mas antes da lista, quero deixar claro duas coisas: não sou um "conhecedor" de quadrinhos (acho que, na vida, só li mesmo a Turma da Mônica e alguma coisa dos X-Men) e também não considerei filmes feitos antes de 2000 (principalmente porque não os assisti). Daí justifica-se a ausência de "Superman - O Filme", por exemplo, considerado um dos melhores filmes baseados em quadrinhos por muita gente.
Portanto, para mim, as qualidades cinematográficos foram mais importantes que os méritos de fidelidade à obra original, por não conhecer as obras orginais.
Vamos a eles então:
10. Oldboy (2003)
Oh Dae-su é sequestrado e confinado em um quarto de hotel por 15 anos. Quando sai, só o que deseja é descobrir porque fizeram isso com ele e vingar-se. O filme do sul-coreano Chan-wook Park traz um dos finais mais surpreendentes que eu já assisti no cinema.
9. 300 (2006)
Baseado em quadrinhos de Frank Miller, "300" narra a batalha entre persas e espartanos, na Grécia Antiga. Com um visual arrebatador e muita tecnologia, o filme elevou a linguagem de filmes baseados em HQs a um novo patamar.
8. Homem de Ferro (2008)
Grande parte do sucesso de "Homem de Ferro" se deve ao carisma e talento de seu ator principal: Robert Downey Jr, que está sensacional como o herói. Mas o roteiro, que traz um humor refinado e cenas de ação espetaculares, também ajuda.
7. Anti-herói Americano (2003)
Nada de explosões ou lutas intermináveis. "American Splendor" (no original) é baseado em uma série de quadrinhos alternativos escritos pelo norte-americanos Hervey Pekar. No filme, mesclado com depoimentos reais do próprio, ele é vivido pelo ótimo Paul Giamatti. Com um tom tragicômico, conta a história da vida de Pekar, seu cotidiano, suas angústias e frustrações.
6. Sin City – A Cidade do Pecado (2005)
Mais um filme baseado em quadrinhos de Frank Miller. Dirigido pela dupla Robert Rodriguez e Quantin Tarantino, traz ótimos personagens, incluindo algumas figuras bem bizarras. Mistura de filme noir com "Kill Bill". E, claro, com direito a muito sangue!
5. Batman Begins (2005)
Christopher Nolan revolucionou a franquia do homem-morcego, ao retratar Gotham City de forma sombria e realista, muito diferente da Sapucaí criada por Joel Schumacher nos últimos filmes. Outro destaque foi a escolha do elenco, encabeçado pelo ótimo (e problemático) Christian Bale.
4. X-Men: O Confronto Final (2006)
Pode não ser o melhor filme dos mutantes, mas é o mais empolgante. Novos mutantes, o surgimento da Fênix Negra e a morte de três personagens demonstram uma certa ousadia de Brett Ratner. É o mais fiel à série animada, e por isso foi o que mais gostei.
3. Homem-Aranha 2 (2004)
Sam Raimi conseguiu superar o bom trabalho realizado no primeiro filme do Aranha. Com muito mais ação e humor, "Homem-Aranha 2" parece ser uma das adptações que melhor conseguiram traduzir a linguagem dos HQs para a tela grande.
2. V de Vingança (2005)
Tão violento quanto o seu próprio (anti-)herói é o impacto do filme no espectador. De forte conteúdo político, "V de Vingança" é baseada ne graphic novel de Alan Moore (o mesmo criado de Watchmen). A história se passa em uma Londres futurística, sob um governo totalitário, quando a jovem Evey é salva pelo anarquista e enigmático "V", que promove um levante contra a tirania e a opressão. Produzido pelos irmãos Wachowski (de "Matrix"), o filme discute os artifícios usados na política para a manutenção do poder.
1. Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008)
Como se já não fosse suficiente o feito de "Batman Begins", Nolan nos presenteia com um novo clássico do cinema. Um ator no auge de sua inspiração, uma história carregada de conteúdo político, roteiro recheado de frases marcantes, enfim, "The Dark Knight" não é só o melhor filme baseado em HQ mas é também um dos 10 melhores filmes produzidos nos últimos dez anos.
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domingo, 8 de março de 2009
Muito barulho por nada
Adaptações de histórias em quadrinhos sempre rendem bons filmes. A interminável luta do bem contra o mal gera um sentimento de identificação universal que atrai milhões de espectadores e é garantia de renda alta para os estúdios. A expectativa em torno de “Watchmen – O Filme”, baseado nos quadrinhos de Alan Moore, não poderia ser diferente daquela vista com “Homem-Aranha” ou “Batman – O Cavaleiro das Trevas”.
É difícil falar de uma adaptação ambiciosa como essa – são doze volumes condensados em um longo filme com pouco mais de duas horas e meia – sem ao menos conhecer a obra que o originou. Para aqueles que desconhecem a história, o filme de Zack Snyder (o mesmo diretor de “300”) não diz a que veio.
“Watchmen – O Filme” deve agradar apenas aos fãs ou iniciados, ou ainda aqueles que vêem alguma graça em efeitos visuais exagerados e ensurdecedores. Com uma história confusa que não leva a lugar nenhum e momentos tediantes encabeçados pelo mutante Mr. Manhantan (vivido por Billy Crudup, a única personagem que faz algum sentido afinal, por mais fantasioso que seja), o maior erro do filme é não definir se os “heróis” tem ou não super-poderes. O excesso de efeitos visuais e o fetiche pelas lutas em câmera lenta, ao já saturado estilo "Matrix", colocam o espectador em dúvida acerca de origem das personagens. Depois de alguns flashbacks – recurso muito utilizado pelo filme para explicar fatos do presente – que tornam o filme uma colcha de retalhos, entende-se que, na verdade, os heróis são apenas humanos. Portanto, é constrangedor vê-los em fantasias esdrúxulas que os fazem parecer uma Liga da Justiça do Paraguai.
Para piorar, coloca os heróis em situações no mínimo embaraçosas – como na cena em que a capacidade sexual do Coruja (vivido por Patrick Wilson) é colocada em dúvida – na tentativa de nos fazer lembrar que são humanos. “Hellboy” traz heróis com problemas de relacionamento com um pouco mais de naturalidade. Como se isso não bastasse, a seleção musical, que vai de “Unforgettable” a “Hallelujah” (a mesma usada em “Shrek”), torna algumas cenas irritantes.
O filme começa com o assassinato do Edward Blake (Jeffrey Dean Morgan), conhecido como o Comediante, um dos membros do Watchmen, um grupo de vigilantes criado nos anos 1940 para combater gangues que atacavam usando máscaras que dificultavam a identificação dos bandidos. Como uma brincadeira de criança, os vigilantes, membros da polícia, resolvem se unir e defender a cidade também fantasiados.
Com a Guerra Fria e um fictício governo Nixon – olha ele de novo – como pano de fundo, a história tenta apelar para um niilismo que não convence, a não ser pelo desempenho de James Earle Haley, o Rorschach. Afinal, como já sabemos como termina o conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética, o plano executado por Ozymandias (Matthew Goode), o homem mais inteligente do mundo, que acabaria de uma vez com todas as possibilidades de uma guerra nuclear, parece estúpido e infantil. Cheio de clichês do gênero, como o questionamento se cabe a eles ou não salvar o mundo ou ainda heróis-aposentados-que-voltam-à-ativa (o que “Os Incríveis” faz bem melhor), “Watchmen” acaba com uma referência explícita ao 11 de setembro, o que também já deu o que tinha que dar. Como diz o Comdeiante, é uma grande piada. Pena que muito sem graça.
FICHA TÉCNICA
Título: "Watchmen – O Filme"
Título original: Watchmen
País: EUA
Ano: 2009
Direção: Zack Snyder
Roteiro: David Hayter e Alex Tse, baseado em HQ de Alan Moore e Dave Gibbons
Elenco principal: Patrick Wilson, Jeffrey Dean Morgan, Billy Crudup, Matthew Goode, Carla Gugino, James Earle Haley.
Duração: 163 min.
Gênero: Ação
Sinopse: Ambientado numa realidade fictícia norte-americana nos anos 80, um grupo de super-heróis aposentados começa a ter sua vida ameaçada. Rorschach (Jackie Earle Haley), detetive que usa uma máscara desfigurada, e o Coruja (Patrick Wilson) passam a investigar a identidade do vilão antes que suas próprias vidas corram perigo.
Estréia: 6 de março de 2009
É difícil falar de uma adaptação ambiciosa como essa – são doze volumes condensados em um longo filme com pouco mais de duas horas e meia – sem ao menos conhecer a obra que o originou. Para aqueles que desconhecem a história, o filme de Zack Snyder (o mesmo diretor de “300”) não diz a que veio.
“Watchmen – O Filme” deve agradar apenas aos fãs ou iniciados, ou ainda aqueles que vêem alguma graça em efeitos visuais exagerados e ensurdecedores. Com uma história confusa que não leva a lugar nenhum e momentos tediantes encabeçados pelo mutante Mr. Manhantan (vivido por Billy Crudup, a única personagem que faz algum sentido afinal, por mais fantasioso que seja), o maior erro do filme é não definir se os “heróis” tem ou não super-poderes. O excesso de efeitos visuais e o fetiche pelas lutas em câmera lenta, ao já saturado estilo "Matrix", colocam o espectador em dúvida acerca de origem das personagens. Depois de alguns flashbacks – recurso muito utilizado pelo filme para explicar fatos do presente – que tornam o filme uma colcha de retalhos, entende-se que, na verdade, os heróis são apenas humanos. Portanto, é constrangedor vê-los em fantasias esdrúxulas que os fazem parecer uma Liga da Justiça do Paraguai.
Para piorar, coloca os heróis em situações no mínimo embaraçosas – como na cena em que a capacidade sexual do Coruja (vivido por Patrick Wilson) é colocada em dúvida – na tentativa de nos fazer lembrar que são humanos. “Hellboy” traz heróis com problemas de relacionamento com um pouco mais de naturalidade. Como se isso não bastasse, a seleção musical, que vai de “Unforgettable” a “Hallelujah” (a mesma usada em “Shrek”), torna algumas cenas irritantes.
O filme começa com o assassinato do Edward Blake (Jeffrey Dean Morgan), conhecido como o Comediante, um dos membros do Watchmen, um grupo de vigilantes criado nos anos 1940 para combater gangues que atacavam usando máscaras que dificultavam a identificação dos bandidos. Como uma brincadeira de criança, os vigilantes, membros da polícia, resolvem se unir e defender a cidade também fantasiados.
Com a Guerra Fria e um fictício governo Nixon – olha ele de novo – como pano de fundo, a história tenta apelar para um niilismo que não convence, a não ser pelo desempenho de James Earle Haley, o Rorschach. Afinal, como já sabemos como termina o conflito entre os Estados Unidos e a União Soviética, o plano executado por Ozymandias (Matthew Goode), o homem mais inteligente do mundo, que acabaria de uma vez com todas as possibilidades de uma guerra nuclear, parece estúpido e infantil. Cheio de clichês do gênero, como o questionamento se cabe a eles ou não salvar o mundo ou ainda heróis-aposentados-que-voltam-à-ativa (o que “Os Incríveis” faz bem melhor), “Watchmen” acaba com uma referência explícita ao 11 de setembro, o que também já deu o que tinha que dar. Como diz o Comdeiante, é uma grande piada. Pena que muito sem graça.
FICHA TÉCNICA
Título: "Watchmen – O Filme"
Título original: Watchmen
País: EUA
Ano: 2009
Direção: Zack Snyder
Roteiro: David Hayter e Alex Tse, baseado em HQ de Alan Moore e Dave Gibbons
Elenco principal: Patrick Wilson, Jeffrey Dean Morgan, Billy Crudup, Matthew Goode, Carla Gugino, James Earle Haley.
Duração: 163 min.
Gênero: Ação
Sinopse: Ambientado numa realidade fictícia norte-americana nos anos 80, um grupo de super-heróis aposentados começa a ter sua vida ameaçada. Rorschach (Jackie Earle Haley), detetive que usa uma máscara desfigurada, e o Coruja (Patrick Wilson) passam a investigar a identidade do vilão antes que suas próprias vidas corram perigo.
Estréia: 6 de março de 2009
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terça-feira, 3 de março de 2009
Nazismo sob uma nova ótica
O diretor britânico Stephen Daldry é uma das poucas unanimidades entre os membros da Academia. Pela direção de seu terceiro longa-metragem, Daldry conseguiu sua terceira indicação ao Oscar. A estatueta de melhor diretor foi para Danny Boyle, diretor de “Quem quer ser um milionário?”, mas, se a tendência permanecer, Daldry em breve também deve ser coroado.
O desafio em “O leitor” (“The reader”, no original), baseado no livro de Bernhard Schlink, era superar os ótimos trabalhos realizados em “Billy Elliot”, de 2000, e “As Horas”, de 2002. Porém, a direção segura não corrige alguns problemas no roteiro, que, para piorar, são corroborados pela edição. A história se passa na Alemanha pós-nazismo, quando o jovem Michael Berg conhece uma mulher mais velha, Hanna Schmitz, vivida por Kate Winslet, que durante os encontros amorosos, pedia para Michael ler algumas histórias.
O relacionamento entre os dois, que no início, parece imoral, aos poucos, vai se diluindo e descobrimos os motivos que o levam a mantê-lo. Michael, um adolescente contido, preso a uma estrutura familiar conservadora – repare que a família de Michael só aparece sentada a uma mesa de jantar formalmente estruturada, conservada até mesmo muitos anos depois – encontrou em Hanna uma maneira de se descobrir como homem, e fica encantado com as possibilidades do sexo. Tanto que ao ler para Hanna uma história erótica, exagera no tom e é imediatamente reprimido por ela, que se sente envergonhada. Hanna, por sua vez, condenada a uma existência medíocre, vivendo como funcionária de uma operadora de trens, encontra alguma realização ao conhecer um jovem talvez mais infeliz que ela mesma.
Até que os dois perdem o contato, e o garoto, incapaz de esquecer o passado, passa a conviver com o vazio deixado pelo fim do relacionamento, que perdura até se tornar um advogado amargurado e frustrado, interpretado pelo talentoso Ralph Fiennes. Na faculdade de Direito, Michael é levado pelo professor a um julgamento de guardas nazistas da SS. Ao descobrir que Hanna é a ré principal, o jovem ator David Kross nos faz sentir a impacto da revelação surpreendente. Com o desenrolar do processo, Michael descobre uma forma de inocentar Hanna, porém, teria que revelar um segredo que Hanna parecia querer manter.
Justamente ao tentar “esconder” o segredo de Hanna, o filme peca. Quando o segredo é revelado, a intenção soa redundante, já que desde o primeiro momento sabemos o que ela tenta esconder, justamente porque Daldry dirige tão bem seus atores que, sem querer, acaba revelando o que queria guardar para mais tarde. Por outro lado, não fica claro de que forma Michael poderia ajudar no julgamento de Hanna, ao revelar o tal “segredo”. Apenas um detalhe seria modificado no processo, mas não impediria a condenação de Hanna, que assume sem medo tudo que fez, pois estava convencida de que não tinha como ter sido diferente.
Mesmo assim, como em seus dois primeiros filmes, Stephen Daldry, que já dirigiu pesos pesados como Julie Walters, Julianne Moore, Nicole Kidman e Meryl Streep - em papéis que renderam indicações ao Oscar para as duas primeiras e uma vitória para Kidman pelo papel em “As Horas” - prova que sabe como trabalhar com personalidades fortes e complexas, herança de sua vasta experiência no teatro, para o qual já produziu mais de cem peças. Kate Winslet, que finalmente conquistou a sonhada estatueta depois de cinco indicações, demonstra um amadurecimento como atriz, mas não está em seu melhor papel. E precisa ter cuidado para não ficar marcada pela nudez nas telas, o que também acontece em “Titanic”, “Contos proibidos de Marquês de Sade”, “Íris” e “Pecados íntimos”.
O grande mérito do filme é não tratar o nazismo de maneira maniqueísta, mas tentar traduzir, pelas palavras de Hanna Schmitz, os motivos que levaram à omissão daqueles que trabalharam para a ditadura de Hitler. De certa maneira, o filme questiona o tratamento dado a réus como Hanna. Os julgamentos, na verdade, serviam apenas como uma tentativa de o país se redimir perante o mundo mostrando que está punindo os “responsáveis” pelo Holocausto. Acusada de deixar morrer um grupo de 300 judeus, Hanna já entra no tribunal condenada. Afinal, quem vai defender um guarda de campo de concentração nazista? Mas, apesar dessa nova abordagem, “O leitor” peca pelo excesso no tom melodramático de algumas cenas, que deixam o filme um nível abaixo de outros que também abordam o nazismo na Alemanha.
Uma curiosidade mórbida: “O leitor” foi a última produção de Anthony Minghella e Sydney Pollack. Ambos faleceram antes da estreia do longa.
FICHA TÉCNICA
Título: "O leitor”
Título original: The reader
País: EUA/Alemanha
Ano: 2008
Direção: Stephen Daldry
Roteiro: David Hare, baseado baseado no romance de Bernhard Schlink
Elenco principal: Kate Winslet, Ralph Fiennes, Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, David Kross.
Duração: 124 min.
Gênero: Drama
Sinopse: Michael (David Kross na juventude e Ralph Fiennes na idade adulta) relembra aquele que, provavelmente, foi o momento definitivo de sua vida - quando seu amor juvenil, uma mulher mais velha chamada Hanna Schmitz (Kate Winslet), foi presa e julgada pelos nazistas. O que o jovem verá no tribunal é algo que vai de encontro a tudo aquilo em que ele acredita.
Estréia: 06 de fevereiro de 2009.
O desafio em “O leitor” (“The reader”, no original), baseado no livro de Bernhard Schlink, era superar os ótimos trabalhos realizados em “Billy Elliot”, de 2000, e “As Horas”, de 2002. Porém, a direção segura não corrige alguns problemas no roteiro, que, para piorar, são corroborados pela edição. A história se passa na Alemanha pós-nazismo, quando o jovem Michael Berg conhece uma mulher mais velha, Hanna Schmitz, vivida por Kate Winslet, que durante os encontros amorosos, pedia para Michael ler algumas histórias.
O relacionamento entre os dois, que no início, parece imoral, aos poucos, vai se diluindo e descobrimos os motivos que o levam a mantê-lo. Michael, um adolescente contido, preso a uma estrutura familiar conservadora – repare que a família de Michael só aparece sentada a uma mesa de jantar formalmente estruturada, conservada até mesmo muitos anos depois – encontrou em Hanna uma maneira de se descobrir como homem, e fica encantado com as possibilidades do sexo. Tanto que ao ler para Hanna uma história erótica, exagera no tom e é imediatamente reprimido por ela, que se sente envergonhada. Hanna, por sua vez, condenada a uma existência medíocre, vivendo como funcionária de uma operadora de trens, encontra alguma realização ao conhecer um jovem talvez mais infeliz que ela mesma.
Até que os dois perdem o contato, e o garoto, incapaz de esquecer o passado, passa a conviver com o vazio deixado pelo fim do relacionamento, que perdura até se tornar um advogado amargurado e frustrado, interpretado pelo talentoso Ralph Fiennes. Na faculdade de Direito, Michael é levado pelo professor a um julgamento de guardas nazistas da SS. Ao descobrir que Hanna é a ré principal, o jovem ator David Kross nos faz sentir a impacto da revelação surpreendente. Com o desenrolar do processo, Michael descobre uma forma de inocentar Hanna, porém, teria que revelar um segredo que Hanna parecia querer manter.
Justamente ao tentar “esconder” o segredo de Hanna, o filme peca. Quando o segredo é revelado, a intenção soa redundante, já que desde o primeiro momento sabemos o que ela tenta esconder, justamente porque Daldry dirige tão bem seus atores que, sem querer, acaba revelando o que queria guardar para mais tarde. Por outro lado, não fica claro de que forma Michael poderia ajudar no julgamento de Hanna, ao revelar o tal “segredo”. Apenas um detalhe seria modificado no processo, mas não impediria a condenação de Hanna, que assume sem medo tudo que fez, pois estava convencida de que não tinha como ter sido diferente.
Mesmo assim, como em seus dois primeiros filmes, Stephen Daldry, que já dirigiu pesos pesados como Julie Walters, Julianne Moore, Nicole Kidman e Meryl Streep - em papéis que renderam indicações ao Oscar para as duas primeiras e uma vitória para Kidman pelo papel em “As Horas” - prova que sabe como trabalhar com personalidades fortes e complexas, herança de sua vasta experiência no teatro, para o qual já produziu mais de cem peças. Kate Winslet, que finalmente conquistou a sonhada estatueta depois de cinco indicações, demonstra um amadurecimento como atriz, mas não está em seu melhor papel. E precisa ter cuidado para não ficar marcada pela nudez nas telas, o que também acontece em “Titanic”, “Contos proibidos de Marquês de Sade”, “Íris” e “Pecados íntimos”.
O grande mérito do filme é não tratar o nazismo de maneira maniqueísta, mas tentar traduzir, pelas palavras de Hanna Schmitz, os motivos que levaram à omissão daqueles que trabalharam para a ditadura de Hitler. De certa maneira, o filme questiona o tratamento dado a réus como Hanna. Os julgamentos, na verdade, serviam apenas como uma tentativa de o país se redimir perante o mundo mostrando que está punindo os “responsáveis” pelo Holocausto. Acusada de deixar morrer um grupo de 300 judeus, Hanna já entra no tribunal condenada. Afinal, quem vai defender um guarda de campo de concentração nazista? Mas, apesar dessa nova abordagem, “O leitor” peca pelo excesso no tom melodramático de algumas cenas, que deixam o filme um nível abaixo de outros que também abordam o nazismo na Alemanha.
Uma curiosidade mórbida: “O leitor” foi a última produção de Anthony Minghella e Sydney Pollack. Ambos faleceram antes da estreia do longa.
FICHA TÉCNICA
Título: "O leitor”
Título original: The reader
País: EUA/Alemanha
Ano: 2008
Direção: Stephen Daldry
Roteiro: David Hare, baseado baseado no romance de Bernhard Schlink
Elenco principal: Kate Winslet, Ralph Fiennes, Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, David Kross.
Duração: 124 min.
Gênero: Drama
Sinopse: Michael (David Kross na juventude e Ralph Fiennes na idade adulta) relembra aquele que, provavelmente, foi o momento definitivo de sua vida - quando seu amor juvenil, uma mulher mais velha chamada Hanna Schmitz (Kate Winslet), foi presa e julgada pelos nazistas. O que o jovem verá no tribunal é algo que vai de encontro a tudo aquilo em que ele acredita.
Estréia: 06 de fevereiro de 2009.
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Oscar,
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